Os três caminhos de luta: lei, pecado e eu

 

Na sua carta aos Romanos Paulo explicou que somos salvos pela graça - não pelo cumprimento da lei mas porque Cristo morreu por nós. Isto não nos dá permissão para pecar - pelo contrário devemos servir Deus sendo escravos da virtude.

 

Uma ilustração do casamento

"Não sabeis, innãos e irmãs - pois eu falo para aqueles que conhecem a lei - que a lei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto essa pessoa viver?" Paulo argumentara já no capítulo 6 que os crentes morreram com Cristo, e que por isso morremos para o pecado. A

Os Cristãos, contudo, receberam uma vida nova com Cristo. Então como nos deixa isso? A segunda observação de Paulo é que estamos sob uma nova autoridade. No versículo 2 Paulo usa a analogia do casamento, no qual uma morte pode afectar o estado legal do sobrevivente:

- --"Por exemplo: podei-uma-mulher casada estáligada-ao seu marido enquanto ele viver, mas se o seu marido morrer, ela é libertada da lei que o prende a ele." A lei do casamento tem força apenas enquanto os dois parceiros forem vivos. Assim que um morrer, as restrições do casamento desaparecem.

Por analogia, os Judeus estiveram antes ligados à lei. Mas dado que morreram com Cristo, foram libertados da lei e, como resultado, uma nova união se pode formar. É nisso que Paulo se interessa - a nova união: "Então, se [uma mulher] casar com outro homem enquanto o seu marido ainda for vivo, ela é adúltera. Mas se o seu marido morrer, ela é libertada dessa lei e não é adúltera se casar com outro homem" (versículo 3).- ­

 

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Uma nova autoridade nas nossas vidas

Paulo aplica a sua analogia à lei no versículo 4: "Por isso, meus irmãos e innãs, também morrestes para a lei através do corpo de Cristo, para que possais pertencer a outro,

àquele que se ergueu dos mortos, de modo a que possamos dar frutos aDeus."

A observação de Paulo é que a morte quebra a ligação com a lei, e uma nova ligação é permitida. Os crentes Judaicos morreram para a lei através da morte de Cristo, e a sua lealdade é agora para com Ele em vez de para com a lei. Temos que nos libertar da lei para que nos possamos unir a Cristo.

Jesus nasceu sob a lei, mas na Sua morte e ressurreição, Ele escapou às suas obrigações. O Cristo erguido não tem que cumprir o Sabbath ou as outras leis de Moisés, e quando estamos em Cristo, também não as temos que manter.

Devemos evitar o pecado, mas o pecado já não é definido pelas leis de Moisés. Pelo contrário, é definido pelo carácter de Cristo. Temos que p.os adaptar a Ele, e, dado que Ele não está ligado à lei de Moisés, nós também não estamos. Nós pertencemos "àquele que se ergueu dos mortos". Porquê? Para "dar frutos a Deus". Temos que servi­Lo.

 

Paulo contrasta de novo o antes e depois no versículo 5: "Porque quando éramos controlados pela nossa natureza pecaminosa [algumas traduções dizem "a carne" - a palavra grega é sarx], as paixões pecaminosas suscitadas pela lei agiam sobre nós, para que nós déssemos frutos à morte." Antes de Cristo as nossas vidas eram dominadas pela nossa própria natureza pecaminosa, e pelos nossos desejos pecaminosos, em vez de dar frutos a Cristo, trouxe-nos morte. Mas com Cristo, a nossa vida não é mais controlada pela carne.

 

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Paulo diz que as nossas paixões pecaminosas foram "suscitadas pela lei". Como ele diz em Romanos 5:20, a lei teve o resultado irónico de aumentar o nosso desejo de pecar. Antes de Paulo desenvolver mais esse pensamento, ele tira esta conclusão no versículo 6: "Mas agora, morrendo para aquilo que nos prendia, fomos libertados da lei para que sirvamos no novo modo do Espírito, e não no velho modo do código escrito."

A lei antes prendia-nos, mas fomos libertados dela. Em vez de servir Deus de acordo com a lei, servimos de um novo modo, definido pelo Espírito Santo. Paulo explica isso no capítulo 8; o resto do capítulo 7 é uma discussão sobre lei e pecado.

 

A lei e o pecado

"Que diremos então?" A lei é pecamino.._a?" (versículo 7). Se a lei aumenta o nosso desejo de pecar, é má? Paulo diz, "Claro que não! Contudo, eu não teria sabido o que era o pecado se não fosse pela lei." A lei revela o que é o pecado (Romanos 3:20), e esse é um conhecimento perigoso.

Paulo ilustra o problema com o décimo mandamento: "Porque eu não saberia o

-que---realmente era-a- cobiça-8e_a_leL não disse:ise,_- 'Não cobiçarás'. Mas o pecado, aproveitando a oportunidade proporcionada pelo mandamento, produziu em mim toda a espécie de cobiça" (versículos 7-8). Paulo, como todos os outros, tinha desejos de cobiça, e a lei disse-lhe que os seus desejos, embora normais, eram pecaminosos.

Mas a relação entre lei e pecado é mais do que simplesmente dar informações. Paulo diz que a lei, ao definir o pecado, disse à sua natureza pecaminosa como pecar mais. A nossa natureza pecaminosa quer violar leis. Se lhe derem uma regra, ela quer quebrá-la. Por isso a lei, ao proibir determinadas coisas, fez com que as pessoas mais as fizessem, devido à nossa natureza perversa. Pelo menos foi assim com Paulo.

--           Mas estará Paulo mesmo a falar sobre si mesmo, ou está apenas a dar um

princípio geral? Algumas pessoas não lidam bem com a ideia de que Paulo lutou com o pecado através da sua vida Cristã. Gostariam de colocar toda essa luta no passado de Paulo, mas Paulo descreve-a no tempo presente, e penso que devemos deixar Paulo descrever-se da forma como-quiser, sem as -nossas teorias de que ele não está a falar a sério.

 

Na fluidez literária de Romanos, Paulo fala sobre um coisa que acontece depois de chegarmos à fé em Cristo. No capítulo 6 ele diz que nós morremos para o pecado, mas que ainda temos que combatê-lo. No capítulo 7 ele diz que nós morremos para a lei, mas que temos que servir Cristo no modo do Espírito. Ele não quer que pareça sem esforço ou automático. Ele fala da vida agora mesmo, por isso discute a relação entre lei e pecado. A luta que começara antes de chegarmos à fé continua mesmo depois de chegarmos à fé.

"Porque aparte da lei, o pecado morreu. Eu estive vivo aparte da lei; mas quando chegou o mandamento, o pecado espalhou-se para a vida e eu morri" (versículos 8-9). Quando esteve Paulo vivo aparte da lei? Provavelmente quando ele era bebé, jovem demais para perceber. Mas quando ele aprendeu a lei, a natureza pecaminosa dentro dele encontrou um modo de se expressar - rebelando-se. O pecado espalhou-se para a vida, e Paulo pecou, e foi condenado.

Ele diz, "Descobri que o mesmo mandamento que era suposto trazer vida trouxe na verdade morte" (versículo 10; ver também Romanos 4:15). Aparentemente Paulo está a falar a partir de uma perspectiva humana, porque em Gálatas 3:21 ele diz que a lei não poderia trazer vida, por isso provavelmente Deus não tinha intenção que' ela trouxesse vida. Em vez disso trouxe morte.                                                                                                                                   .

            A lei mostrou às pessoas o que aconteceria se elas fossem por este caminho, ou

por aquele caminho. Orientava, mas não obrigava as pessoas a ir por um caminho ou

 


outro. Os Judeus assumiram que a lei daria vida às pessoas, mas na verdade dá morte. Porquê? Porque o pecado dominou. É o que Paulo diz no versículo 11: "Porque o pecado, aproveitando a oportunidade proporcionada pelo mandamento, enganou-me, e através do mandamento condenou-me à morte."

Dado que o pecado quebra regras, e a lei oferece regras, permitiu que o pecado se exercitasse. Quando Paulo tentou ser virtuoso mantendo a lei, confiou em si mesmo em vez de confiar em Deus, e isso foi um pecado.

A lei não é o problema - mas é que é tão facilmente pirateada pelos nossos desejos pecaminosos. A lei não fez com que déssemos um passo errado - só nos disse onde acabaríamos se o déssemos, e a perversidade dentro de nós fez-nos dar o passo errado. O pecado enganou-nos e colocou-vos no caminho para a morte.

A lei não é o culpado - foi um cúmplice sem querer. Por isso Paulo conclui no versículo 12 que "a lei é sagrada, e o mandamento é sagrado, virtuoso e bom." A lei é sagrada - mas não nos pode tomar sagrados.

                               As leis de sacrificios animais eram boas? Sim, mas não quer dizer que sejam

     _-necessárias_hoje. Não_podemos usare este versículo para suportar qualquer lei específica,

              porque Paulo não está a ser específico aqui. Está apenas a dizer que a lei de Deus, não

   importa como a defina, não é a causa do problema.

Por isso Paulo pergunta, "Isso que então era bom, tomou-se morte para mim?" (versículo 13). A lei causou a minha morte? É claro que não, diz ele. Os criminosos não podem culpar a lei pelo que fazem. Pelo contrário, a lei só nos diz o resultado do que fizemos.

"Contudo", diz Paulo, "de modo a que o pecado fosse reconhecido como pecado, usou o que era bom [a lei] para causar a minha morte, para que através do mandamento o pecado-se-tomasse completamente pecaminoso." A lei é boa, mas o pecado sequestra­a e usa a lei para trazer-nos morte. Deus permitiu isto para que víssemos como o pecado é terrível.

 

A luta dentro de nós

Paulo descreve a luta que continua: "Sabemos que a lei é espiritual; mas eu não sou espiritual, vendido como escravo ao pecado" (versículo 14). Poderá este ser o Paulo Cristão que disse que morreu para o pecado e não mais é escravo? Sim. Paulo explicará como é ele escravizado e liberto.

No versículo 15 ele descreve a luta: "Eu não percebo o que faço. Porque o que eu quero fazer, não faço, mas faço o que detesto" (versículo 15). Ele quer fazer o bem, mas acaba por fazer o mal. Ele tem uma mente convertida que quer fazer o bem, mas um corpo que faz o mal. Porquê? Porque há outro poder a agir nele. "E se eu faço o que não quero fazer, concordo que a lei é boa" (versículo 16). O facto de ele não gostar do seu próprio comportamento é prova de que ele gosta da lei.

"Sendo assim, não sou mais eu quem o faz, mas sim o pecado que vive em mim" (versículo 17). A culpa é toda do pecado, não de Paulo, e é por isso que ele pode dizer que não há condenação para as pessoas em Cristo (8:1).

            Qualquer mal que façam é atribuído ao pecado neles, não à nova pessoa que está

em Cristo.

Paulo explica o problema dividindo-se em dois - há uma pessoa velha, na esfera do pecado, e há a nova pessoa em Cristo. A nova pessoa é escrava de Cristo, mas a natureza pecaminosa ainda é escrava do pecado, e estão ambas activas. Ser libertado do

pecado e escravizado pela virtude não é automático - envolve uma luta.

 

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"Sei que o próprio bem não mora em mim, isto é, na minha natureza pecaminosa" (versículo 18). Paulo modera a sua frase dizendo que ele está a falar da carne, da natureza pecaminosa, não da sua nova natureza em Cristo.

Todo o bem na vida de Paulo advém de Cristo viver nele, em vez de se originar em Paulo. O bem vem da nova natureza, o mal vem da antiga, e a vida Cristã envolve a luta contra a antiga.

"Porque eu tenho o desejo de fazer o bem, mas não consigo executá-lo. Porque não faço o bem que quero fazer, mas o mal que não quero fazer - i_to continuo eu a fazer" (versículos 18-19). Paulo quer fazer o bem, mas por vezes peca. O pecado dentro dele obriga-o a fazer coisas que de outro modo ele não faria.

"Mas se eu faço o que eu não quero fazer [isto é, quando eu peco], não sou mais eu quem o faz, mas sim o pecado que vive em mim." (versículo 20). Paulo culpa o pecado, não a si próprio. O que ele disse no versículo 14, que ele era um escravo do pecado, era só o que aparentava ser. A realidade, diz ele, é que todos os meus pecados são atribuídos a este poder hostil em mim, e todo o bem é produzido por Cristo. Não sou eu, mas a minha velha natureza pecaminosa que está escravizada pelo pecado.

Gálatas 5: 17 descreve a mesma luta Cristã: "Porque a natureza pecaminosa deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito o que é contrário à natureza pecaminosa. Estão em conflito uma com a outra, por isso não deves fazer o que quiseres."

Paulo reSume-a em Romanos 7:21-23: "Por isso vejo esta lei em acção: Embora eu queira fazer o bem, o mal está mesmo aqui comigo. Porque no meu ser interior eu delicio-me com a lei de Deus; mas eu vejo outra lei [ou princípio] a agir em mim, fazendo guerra com a lei da minha mente e fazendo-me prisioneiro da lei do pecado a agir sobre mim."

Então há uma luta na vida de Paulo. A sua mente, conduzida pelo Espírito Santo, guerreia contra o seu corpo, que foi sequestrado pelo pecado. Embora ele queira fazer o bem, o mal dentro dele por vezes obriga-o a fazer coisas que ele odeia. Por isso ele geme, como diz em Romanos 8:23, aguardando pela redenção do seu corpo, a ressurreição e derradeira vitória sobre a sua natureza pecaminosa.

"Que homem miserável sou! Quem me salvará deste corpo de morte?" Como escaparei à natureza pecaminosa que luta dentro de mim? Paulo sabe de onde virá a sua libertação.: "Graças a Deus, que me liberta através de Jesus Cristo nosso Senhor!" (versiculo 25 a).

Paulo, mesmo enquanto escreve, está no processo de libertação. É uma luta de vida inteira, mas a vitória é certa, graças a Deus!. Como acontece isso? Isso é o que Paulo aborda no capítulo 8 - a vida no Espírito.

Paulo conclui este capítulo com um sumário: "Por isso então, eu mesmo na minha mente sou um escravo da lei de Deus, mas na minha natureza pecaminosa sou

um escravo da lei do pecado" (versículo 25 b). Mesmo depois de falar da libertação a si dada por Cristo, Paulo diz que há uma luta entre mente e corpo. Ele está escravizado pela lei de Deus, a lei de Cristo, mas por vezes ele falha. Ele tem uma nova mente, mas um corpo velho, e anseia para que todas as coisas sejam feitas de novo!

 

Michael Morrison

 

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A GRAÇA

DE

 

DEUS

 

"Se alguém pudesse entrar em boas relações com Deus por cumprir a lei, então de nada serviria a morte de Cristo", escreveu Paulo (Gálatas 2:21).

Somos salvos pela graça de Deus, não por guardar a lei. Estas duas alternativas não podem combinar-se. Não somos salvos pela graça mais obras, mas somente pela graça de Deus. Paulo deixa claro que devemos escolher uma ou outra. "Ambas" não são uma opção válida (Romanos 11:6). "Se a herança se baseia na lei, já não se baseia na promessa, mas Deus concedeu-a gratui­tamente a Abraão mediante uma promesa (Gálata_ 3:18). A salva­ção não depende da leil mas sim da graça de Deus.

"Se tivesse sido promulgada uma lei c'apaz de dar vida, então o homem entraria em boas relações com Deus por meio da lei".

Se houvesse alguma forma de_guardar a lei para merecer a vida eterna, então Deus ter-nos-ia salvo com a lei. Porém isso

não é possível. A lei não pode salvar ninguém.

Naturalmente, Deus quer que sejamos bem comportados. Ele quer que nos amemos _nos aos outros e _assim_ cumprimos a lei. Todavia Ele não quer que pensemos que as nossas obras sejam um motivo

para a nossa salvação. Se as nossas obras contribuíssem para a

                 -         -          _                                                                                                                                .

nossa salvação, então teríamos algo com que nos envaidecer.

Porém Deus desenhou o seu plano de salvação de tal forma que

nós não podemos ter nenhum crédito para nos salvarmos a nós próprios (Efésios 2:8_9). Nunca poderemos dizer que merecemos algo; nunca poderemos dizer que Deus nos deve alguma coisa.

Este é o centro da fé cristã que torna o cristianismo único. Outras religiões dizem que as pessoas poder ser boas se se esfor­çarem o suficiente, mas o cristianismo diz que não podemos ser suficientemente bons sem a graça de Deus.

Por nós próprios, nunca seremos suficientemente bons, e

por isso as outras religiões nunca poderão ser suficientemente boas. A única forma de podermos ser salvos é por meio da graça de Deus. Nunca poderemos merecer viver para sempre, porque a única maneira de nos ser dada a vida eterna, é que Deus nos dê

o que não merecemos. A isto se refere Paulo quando usa a palavra

graça. A salvação é uma dádiva de Deus, algo que nunca podemos merecer, nem com mil anos a guardar a lei. "A lei foi dada por intermédio de Moisés", escreve João, "á graça e a verdade che­gou-nos por meio de Jesus Cristo" (João 1:17).

      João viu que existia uma contradição entre a lei e a graça,

ou seja entre aquilo que nós fazemos e aquilo que nos é dado.

Ainda que Jesus nunca usasse a palavra graça, a sua vida inteira foi um exemplo da graça e as suas parábolas esclare­ciam a graça.

Ele algumas vezes usou a palavra misericórdia para descre­ver o que Deus nos dá. "Bem-aventurados os misericordiosos" dis­se Jesus, "porque eles alcançarão misericórdia" (Mateus 5:7). Ele aqui evidenciou que todos necessitamos de misericórdia e devemos ser como Deus neste aspecto. Se valorizarmos a graça, daremos graça a outros.

Mais tarde, quando perguntaram a Jesus porque se juntava com pecadores, respondeu: "O que vos peço a Vós Sr;j"É! misericórdia, não sacrifícios" (Mateus 9:13). Por outras palavras, Deus quer que mostremos misericórdia em vez de guardar a lei.

Ora bem, eu não quero animar ninguém a transgredir a lei. Porém, visto que as transgressões são inevitáveis, a misericór­dia é essencial.

 

Isto cumpre-se na nossa relação com Deus e também na

nossa relação com os outros. Deus quer que conheçamos a nossa necessidade de misericórdia, para que tenhamos também miseri­córdia com os nossos semelhantes. Jesus estava exemp1ificando isto quan d o comeu com os cobradores de impostos e falou com os pecadores, porque estava a mostrar com o seu comportamento que Deus quer ter amizade connosco, e para que isso seja possivel, tornou tod o s os nossos pecados sobre S i mesmo e perdoou-no s .

Jesus contou urna parábola de dois devedores, um que devia, urna enorme quantia e outro que devia urna quantia muito menor.

O amo perdoou ao servo que devia muito, porém esse servo não

pôde perdoar ao que lhe devia menos. O amo desgostou-se e disse:

"Não devias tu ter pena do teu companheiro corno eu tive pena de

ti ?" (MateuS 18:33).                         ...

O pon to da parábola é que a nós próprios como o primeiro

enorme dívida.

Todos ternos falhado em cumprir o que a lei requer, e por isso Deus mostra-nos misericórdia e quer.que nós mostremos mi­sericórdia também. Naturalmente, também falhamos em oferecer misericórdia, por isso devemos continuar a confiar na miseri­córdia de Deus. A parábola do bom Samari tano conclui com um mandamento de misericórdia (Lucas 10: 37) .

O cobrador de impostos que pediu misericórdia foi justificado perante Deus (Lucas 18:13-14).       .

O filho pródigo que regressou a sua casa foi aceite sem fazer nad a para o merecer (Lucas 15: 20). Nem a viúva de Na ím, nem o seu filho fizeram nada para merecer urna ressurreição. Jesus fê-la simplesmente por compaixão (Lucas 7: 11-15).

Os-milagres de Jesus serviram necessidades transi tór i as.

Os que comeram pães e peixes voltaram a ter fome. O filho que foi ressusci tado, eventualmente voltou a morrer. Porém a graça de Jesus cristo continua a ser extensiva a todos nós através do supremo a cto da graça: a sua.morte expia tória na cruz. As sim é corno Jesus se deu a s i mesmo por nós, com consequências eternas e não temporais.

Corno disse Pedro: "Cremos que somos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus" (Actos 15: 11 ). O evangelho é uma mens agem acerca da graça de Deus (Actos 14:3; 20:24-32).

Sornas justificados por graça "mediante a redenção que Jesus Cristo efectuou" (Romanos 3: 24). A graça de Deus está vinculada com o sacr i fício de Jesus na cruz (v. 25). Jesus morreu por nós, pelos nosSos pecados, e também somos salvos pelo que Ele fez

na cruz. Somos redimidos pelo seu sangue (Efés i os 1: 7). Porém 'a graça de Deus é muito mais que o perdão.

Lucas diz-nos que a graça de Deus estava nos discípulos quando pregavam o evangelho (Actos 4:33).

Deus mostrou-lhes o seu favor, dando-lhes a ajuda que não mereciam. Não o fazem também os pais humanos? Nós 'não só damos a vida aos nossos filhos, quando não fazem nada para merecê-la, corno também lhes damos prendas, que nem sempre merecem. I sto é

parte do amor, assim é Deus. Graça e generosidade.

Quando os membros da igreja em Antioquia enviaram Paulo

e Barnabé em viagens missionárias, confiaram-nos á protecção de Deus (Actos 14:26; 15:40). Por outras palavras, entregaram-nos ao cuidado de Deus, confiando em que Deus protegeria os viajan­tes e lhes daria o que pudessem necessitar. Isto está incluido na sua araça.

 

cada um de nós devemos ver -nos servo, a quem fo i perdoada urna

 

Os dons espiri tuais são uma obra da graça de Deus também.

"Temos di f erentes dons, segundo a graça que nos foi dada li (Rom. 12-6). "A cada um de nós foram repartidos os dons de Deu s, con­forme a graça qu_ Cristo achou melhor" (Efésios 4:7). "Cada um ponha à di sposiçao dos outros o dom que recebeu, adminis trando fielmente a graça de Deus em suas diversas formas" (1 Pedro 4: 1C

  "Dou continuamente graças ao meu Deus a vosso respei to, por

  causa dos dons que ele vos concedeu, por meio de Jesus Cristo"

(1 Corint i os 1: 4-5). Ele tinha confiança em que a graça de Deus

  abundaria neles para os habilitar a fazer ainda mais obras (2

  Corintios 9:8).

TodaS. as coisas boas são uma dádiva de Deus,um resultado da graça, nã o de algo que tenha.mos ganho pelo nos so esforço - Por isso é que devem_s estar agradecidos, ainda que seja pela mais simples das bençaos, pelo canto das aves, pelo aroma das flores ou o riso das crianças. Ainda que a própria vida seja um luxo,

                não é uma                                                          necessidade.                       .

O mi nistério de Paulo foi dado através da graça (Romanos 1:5; 15:1-5, 1 Corin-tios 3:10; Gá1atas 2:9, Efésios 3:7).Tudo o que ele f azia queria que estivesse de acordo com a graça de Deus

(2 Corinti os 1: 12). A sua força e habilidades foram um dom da graça (2 Cor. 12: 9). .Se Deus pode salvar e usar o maior dos pecadores (como Paulo se descreveu a si mesmo), Ele pode certa­mente perdoar e usar qualquer de nós. Nada pode separar-nos

do seu amor, do seu desejo de dar-nos.

, ,

Como deverlamos responder a graça de Deus? Com graça, na­

turalmente. Devemos ser misericordiosos, assim como Deus estácheio de misericórdia (Lucas 6: 36).

Devemos perdoar uns aos outros, assim como temos si do per­doados. Devemos servir os outros, assim como temos sido servidos. Devemos oferecer graça aos outros, dando-lhes ajuda e amabilida­de. As nossas palavras devem estar cheias de graça (Colos. 4:6).

Devemos ter gr.aça (perdoando e dando) no casamento, nos ne­gócios, na igrej a, com os amigos, fami I iares e estranhos. Deve haver uma diferença entre as nossas vidas e as nossas pr i orida­des.

 

Paulo falou da generosidade financeira como uma obra da graça. "I rmãos, quero que saibam como Deus foi bondoso para

com as igrej as. da Macedónia, que têm sido postas á prova com muitas dificuldades, mas a sua alegria e generosidade fizeram com que encontrassem ainda mui to que dar. Posso garantir que eles deram o que podiam e ainda mais do que podiam" (2 Corin­tios 8: 1- 3). A eles se havia dado mui to, e em resposta, tinham vontade de dar muito.

Dar é um acto de graça (v. 6). e estou animado pela genero­sidade que vejo na Igreja de Deus Mundial.

Esta é uma forma apropriada de responder à graça de Jesus Cristo, que se deu a si mesmo por nós, para que sejamos r ica­mente abençoados (v. 9), e isto é certamente algo em que vale a pena pensar.

 

Joseph Tkach

 

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